quinta-feira, 8 de abril de 2010

Contra a maré


Há uns seis meses venho tendo amostras do que será trabalhar no Ministério da Saúde entre os meses de campanha eleitoral. É um tal de o lado de lá roubar a autoria de ações de cá, vender notinhas cínicas com as próprias digitais  (e surpreendentemente ainda há remanescentes que, sem citar nomes, vêm dedurar), inflar números de lá e murchar os de cá... 

Isso sem contar a força que recebem dos nobres colegas jornalistas "independentes".

E a gente fica lá, remando contra a maré.

Ontem foi assim: um sujeito - nobre colega de nobre diário candango - pôs na cabeça que tem algo errado num contrato xis.

Expliquei tintim por tintim por que era assim e não assado. Tudo direitinho. Tudo documentado.

Mesmo assim - o que é seu direito -, foi lá no doutor promotor, amigo e comparsa de outros carnavais, contou o que achava e ouviu algo como: "é, se é assim, deve ser irregular".

O promotor decidiu que iria solicitar cópia do contrato para poder analisar e dar parecer formal a partir da cutucada do sujeito. Até aí, jogada ensaiada com a imprensa é corriqueiro, pra não dizer normal.

A questão é que o sujeito já encontrou uma matéria pronta ali na fala do promotor. Chegou com os dois pés no nosso peito afirmando que já tinha matéria pra publicar mesmo antes da 'posição formal' do doutor.

Eu:  Mas qual é a notícia exatamente? Vai dizer que seu palpite fará com que um promotor analise a legalidade de um contrato?  

O sujeito:  "Se ele falou que deve ser ilegal, já é indício de irregularidade. Vou fazer a matéria." 

Você começa com diplomacia, recorre aos argumentos da legalidade, apela para os da ética jornalística e aí começa a espernear, mas sem atingir a jugular (assessor de imprensa é engolidor de sapo. Tem que manter a diplomacia pra não ferir os brios da nobreza. do contrário, a matéria não só sai, como vira manchete com chamada de capa).

Sem sucesso.

É assim que nascem muitas "denúncias". De palpites de jornalistas "independentes".  

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